26.9.07

Da série repeteco

Filme trash resgata ícones dos 80

Curta "Ópera do Mallandro", que será exibido no Festival do Rio, homenageia Sérgio Mallandro
Michael Jackson, Twisted Sister e Fofão também são lembrados no filme; elenco traz ainda Lázaro Ramose Lúcio Mauro Filho

LUCAS NEVESDA REPORTAGEM LOCAL "
Ópera do Mallandro" (assim mesmo, com dois eles) tem entre suas estrelas o palhaço Bozo, o cantor Michael Jackson e a banda de heavy metal Twisted Sister.
Opa, mas onde foram parar Max Overseas, Teresinha e Geni, personagens do musical (quase) homônimo de Chico Buarque?Esqueça-os.
Trata-se aqui de um curta-metragem que saúda figuras pop dos anos 80, mas reverencia uma em especial: o apresentador Sérgio Mallandro.
Por isso, "Pedaço de Mim", "Folhetim" e "Geni e o Zepelim", clássicos do espetáculo de 1978, dão lugar ao besteirol de "Vem Fazer Glu-Glu", "Bilu Tetéia" e "Farofa-fa".
No filme, que estréia na próxima segunda, no Festival do Rio (14h15 e 21h30, no Cine Odeon BR), o único aceno à "Ópera" de Chico é um quarteto de malandros que lança um desafio a um grupo de dança de rua.
É nesta cena que a imaginação do garoto Chico -que, com 15 minutos para escrever uma redação na escola, é o fio condutor da narrativa- faz a primeira parada.Entre referências ao filme "Flashdance" e às esculturais modelos que emergiam da água na antiga abertura do "Fantástico", chama a atenção o elenco: Lázaro Ramos, Lúcio Mauro Filho, Tais Araújo e o jovem Michel Joelsas (que troca o corte "joãozinho" de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" por um "mullet" oitentista), entre outros.
Com orçamento de R$ 20 mil, como foi possível reunir essa turma? "É um filme de amigos", explica o diretor André Moraes, que conhece Lázaro e Lúcio dos tempos da sitcom "Sexo Frágil" (2003-04).A idéia inicial era fazer um disco de regravações de Mallandro (Moraes é produtor musical experiente), mas uma conversa com Lázaro mudou a direção do projeto. "Entramos numa loucura tão grande que esquecemos de ligar para o Sérgio. Se não gostasse do roteiro, estaríamos ferrados", lembra.
O rótulo "trash" que pode vir a reboque de figurinos extravagantes e atuações histriônicas não preocupa Moraes. "É trash mesmo, só que muito bem iluminado e fotografado, com trilha bem mixada. Não quero que vejam como uma grande contribuição [ao cinema]." "Quem sabe a gente não cria um estilo novo, como fez o [cineasta] Ivan Cardoso com o terrir [terror com pinceladas de humor grotesco]?", completa Lázaro.O próximo projeto de Moraes é o longa "E.V.I.L", sobre um grupo que vai parar numa casa onde se fazem "snuff movies", em que mortes reais são mostradas em detalhes.

"ENSINEI LÁZARO A FAZER GLU-GLU", DIZ SÉRGIOExultante, Sérgio Mallandro conta que, durante as filmagens, ensinou 15 bailarinas e Lázaro Ramos a fazer "glu-glu" (uma "proto dança do siri"). "Tô colhendo o que plantei." Hoje, ele vive de shows para universitários.

Fonte: Folha de São Paulo - Ilustrada - 26/09

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