26.8.08

Stones e Paz

Sabe quando a mente falha e você está na hora H? Pois é.
Trabalho da faculdade. Pauta de última hora: cobrir o festival internacional de teatro - Cena Contemporânea. Câmeras, gravador, microfone e eu de páraquedas. Abertura com o grupo israelense Orto-Da Theatre Group e peça Stones. No meio da praça do Museu da República.


Stones - Yinon Tzafrir


Acaba a peça e estamos muito perto dos atores. Os dois colegas dizem "cara, tudo o que falo é the book is on..." Eu penso cá com meus botões "até que falo mais, mas será que dá pra encarar?". Num surto de coragem digo "mermão, vou tentar! Dá cá o microfone."

E olha, agradecerei eternamente Hezi Cohen. Porque graças a paciência e inteligência dele, todas as minhas palavras perdidas, sem estrutura frasal, gramatical, lógica ou coisa do tipo, foram superadas e ele deu uma das entrevistas mais emocionantes que já recebi. Foram só três ou quatro perguntas, mas as melhores quatro respostas que já vi.

E viver isso me deixou pensando como o mundo é algo surpreendente e interessante, um cara lá de Tel-Aviv, que não faz a menor idéia de qualquer coisa em português e uma menina lá do Tocantins podem se entender e conversar sobre as mesmas coisas: guerra, paz, tolerância, esperança e amor. Tudo motivado pela arte desse grupo teatral e pela peça que é sem dúvidas impressionante.


Se você puder, assista ao festival, que deve percorrer todo o Brasil.
p.s.: é uma droga, depois que virei as costas estava falando tudo de novo, só com concordância, sintaxe... pelo menos, consegui entender numa boa tudo o que ele falou.

23.8.08

Das fórmulas mágicas

Por Cecília Maria


Precisa de:
- fones de ouvido;
- ônibus;
- lugar à janela;
- uma viagem de pelos menos 15 minutos;
- e claro, How to disappear completely versão estúdio.

Preparo:
Você coloca os fones de ouvido, ao som desta música, entra em um ônibus qualquer, senta-se à janela, e com o ônibus em movimento vai ouvindo e observando o que se passa ao redor. A música dura uns quatro ou cinco minutos, mas os minutos restantes você vai usar para voltar do transe.


Rendimento:
Individual. E impressionante, sempre.

Mais alegria vindo da China

Olha, se a Argentina ganhar eu não vou achar ruim, não. Estão jogando mais, falar o que? Agora essa musiquinha marriachi tocando no fundo, enquanto passa o jogo é que é dose de aguentar!




Fonte: Agência Efe



Mas a alegria hoje é por causa da Maurren Maggi. Os apresentadores frisam: vivemos para ver Phelps, vivemos para ver Bolt, e deviam acrescentar, vivemos para ver a Maurren.

Barrada no doping. Dois anos sem treinar.
Caraca!
Que orgulho dela ser brasileira que nem eu e certamente, você!
Mesmo que o país não mereça. =/



E toda aquela reverência pelo pódio, pela medalha, pelo hino...
Achei lindo.


Eu ainda serei atleta e irei para uma Olimpíada só para fazer igual a ela.


E praticarei um desses esportes para maiores de vinte e tantos.





Aguardem.

19.8.08

E as Olimpíadas

Fonte: CBDA


Desde Atlanta que eu não acompanhava com tanto afinco os Jogos Olímpicos.
Irônico mas o Brasil não tem rendido como o coração brasileiro deseja.
E a sensação que tenho é que nem mesmo a qualquer momento o bravo herói gigante e gentil se levantará e pisará no lugar mais alto do pódio.
Parece que o mundo inteiro ficou melhor em alguma coisa e nós não.
Vendo uma partida de handebol, em que o Brasil começou na frente do placar, mas no final, já sem fôlego, perdemos por uns dez gols de diferença. O comentarista, depois da sexta derrota dos nossos times de handebol vaticinou: “eis a diferença entre ser europeu e estar na Europa”. Numa referência ao nível das equipes brasileiras cujos jogadores residem e jogam no velho continente.
Pois é. Dizer o que?
Antes da Olimpíadas, lembro de um documentário que vi na ESPN sobre esportistas brasileiros já medalhados em alguma edição anterior, mas que não tiveram as vidas alteradas depois da premiação.
Um boxeador baiano que entre um bico e outro treina em um barracão e se diz orgulhoso por poder representar o país. Além da academia simples que treina diariamente mostraram a casa dele, onde moram ele e a esposa. Um outro casebre comprado no subúrbio de Salvador com o suor de muitas lutas. A cama do casal fica ao lado das inúmeras medalhas que ele tem penduradas na parede. Ele não foi para Pequim, não conseguiu se classificar.
O outro relato igualmente impressionante foi de um lutador de taekwondo paranaense. Que foi medalhista mas cuja vida pouco mudou. Hoje, ele mora em uma república de estudantes e é bolsista de uma faculdade, na qual treina e estuda. A medalha está guardada na gaveta de cuecas, em um armário que ele divide com mais alguns moradores.
É uma pena eu não lembrar o nome (e tampouco querer buscar no google) mas ele dizia que faria um documentário e mostraria a situação de tantos e tantos atletas como ele. Que fazem das tripas coração e buscam algo melhor, mas que infelizmente vêem os sonhos deixados de lado depois que o furor e a emoção passam. Ele questionava o Pan, a Copa e as Olimpíadas no Brasil. “Nada fica para o povo, para que a criança possa se desenvolver e virar um esportista e conquistar o futuro”.
É uma lástima. Por que é verdade.
Eu que não agüento mais ouvir falar de Phelps (embora reconheça que o cara é um fenômeno) me sinto envergonhada, sou mais o nosso judoca Eduardo. Que graças ao olhar de outro lutador (Carlos Honorato), conseguiu finalmente receber a faixa preta depois de dez anos sem o dinheiro necessário para pagar o teste. Eduardo recebeu a faixa preta para entrar na seleção, tirar o passaporte e vencer umas cinco ou seis lutas seguidas por Ipon redondo. Belas, belas lutas, e aqui quem fala é a judoca remanescente que ainda habita este corpo. Eduardo perdeu a luta do bronze por escolha dos juízes. Mas venceu muito mais do que podemos pensar.
Ao ver que até o Azerbaijão está na nossa frente temi se nos sobram ainda muitas coisas. Mas a esperança ainda é verde, como a nossa bandeira, (como o nosso Palmeiras) e como a crença de que as coisas podem mudar, seja em Beijing seja em outro lugar, mas principalmente neste Brasil.
Inshallah!
P.S.: Ainda bem que mesmo com um chocolate argentino que confesso, afagar meu escárnio contra Dungas, Ronaldos, jogadores na Europa e principalmente seleção como auto-promoção, temos Cielos, Martas e demais brasileiros verde-amarelos.
P.S.2: Com exceção dos PSs, todo o texto foi escrito antes da primeira medalha de ouro!

14.8.08

I´ll be back



Pois é, não consigo me livrar deste blog.
E nessa luta interminável, acho que vou de vez me juntar a ele.
Já assassinei outros tantos, mas este aqui... não sei... há um lapso qualquer de criatividade neste título. A verdade é que eu gosto destas palavras soltas aqui, que se lêem quando se abre.
E pensando bem, até que ando com algumas idéias blogáveis.
Queria menos diário, mas é difícil.
Leio Darcy (ando lendo este autor bastante e uma hora hei de explicar o bendito porquê) e vejo que um puta antropólogo como ele escrevia pessoal, como em um monólogo.
É assim mesmo.
Para as formalidades, leads, subleads e objetividades à profissão.
Para todo o resto, o resto.
Ainda não posso dizer que estou de volta.
Mas dir-lhes-ei, a qualquer momento.

auto-manifesto contra mim mesma

E este blog? Morre ou não morre?

Não!
Ainda não.