28.9.06

Das cartas

Conversámos de olhos baixos.
Entre nós, mais de meio século de vivências, e isso pesava de sobremodo sobre mim, porque naquele momento eu era a carrasca.
Carrasca, porque no meu afã de querer mudar qualquer coisa(já que o mundo vai continuar o mesmo depois de mim), ensaiei nela, meus discursos.
Mas eu queria seu bem. E acima de tudo, acima de qualquer coisa, gostaria de lhe permitir reparar os erros.
Um de meus erros foi ter, ou melhor, não ter lhe considerado o meio século.
Conversamos durante muito tempo.
Eu com minhas opiniões e objeções de raras vezes tão bem postas.
Ela se desculpando.
Me sinto ridícula, penso eu agora, em que me sinto carrasca.
Mas, o momento parou quando eu a vi de olhos embotados temendo o tempo que se esvai.
Não sei se esse foi o meu primeiro contato com essa regra.
Mas foi a primeira vez que senti algo tão estranho.
O tempo que se vai. E agora cada vez mais rápido e rápido e irreversível.
E eu estou longe.
E isso me dói. Puxa, das dores do tempo e do irreversível, nenhum deus tem me poupado.
Por que?
Essa permanente incerteza? Essa fragilidade tão a espreita e tão irrevogável?
Se eu pudesse expressar o seu olhar...
Como não posso, descrevo coisas de si.
Ela sentada, passando a mão sobre o braço, como que coçando, como que ansiando que algo a trocasse de máquina, de corpo. Os olhos baixos e lacrimejantes e a voz falhada.
Nossa distância se desintegrou ai.
Estivemos muito mais próximas e arrebatadas do que jamais, no medo e na cumplicidade.
...
Por amor, perdoe-me!
Amo você.

Irrelevante

Relevante.
Quem determina o que entra na sua agenda?

Fiquei longas horas pensando nisso.
E olha que nem tinha tempo assim. Porque tempo é algo muitíssimo, muitíssimo raro hoje em dia.
Independente do que façamos.
Ou do que não façamos.

24.9.06

Distração

Sábado a noite e eu ouvindo Miss Kittin?!

as coisas estão mudando ou estou viajando?

22.9.06

Sou uma piada de humor negro em que todos riem.

E eu não consigo achar graça nenhuma.


Hoje gostaria de dar um grande reset mental, sobre as minhas e as dores do mundo.
Principalmente sobre todas as expectativas que ambos alimentamos pra nada.
Infelizmente, não deu.
O que dar é conviver com todas elas.
Fingindo rir às vezes.

ouvindo: Pois é do Los.

"Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater"

(Mas não foi a música não! )


Antes eu ouvia Marvin Gaye.
"Picket lines and picket signs
Don't punish me with brutality
Talk to me,
so you can see
Oh, what's going on"


E antes do antes:

"Are we like you,
I can't be sure,
Of the scene,
as she turns,
We are strange in our world"


Alright do Supergrass

Piadas de humor negro e ironias pra uma sexta.

18.9.06

monocelular

estou virando alguém de uma nota só

Dois e três

Antes de mais nada é muito difícil raciocinar enquanto se ouve Asia Doub Foundation.
Mais difícil ainda é desligar o fone, o efeito psicodélico é lisérgico.
Suponho que lisérgico, seja uma sensação semelhante a essa.
Será?

Da segunda carta a sensação de continuar sendo tola.
O pensamento de que é uma honra para eles contar com a minha presença. (Ego).
Eles tão hipócritas, tão falhos, tão exploradores e ignorantes. (Eles).
Eu e meu livre-arbítrio de me frustrar logo no começo.
(Com tudo e todos, claro, menos comigo, ou comigo mesmo, mas a culpa eu sei, de antemão, de quem é).
E o Lewis fala sobre o cristão. (Mas desconfio que seja sobre o ser humano).

Ultimamente tenho questinado tantas e tantas coisas sobre o cristianismo atual. Sobre as pessoas de um modo geral, que vestem a camisa e crêem propagar a Cristo. Que acho que entrei num emaranhado sem pé nem cabeça, e já nem sei quais são as perguntas certas mais.

Qual a razão de me sentir superior? Só ego mesmo? Certeza?
Por que essa insistência em prosseguir propagando um cristianismo com apelos emocionais, palavras e argumentos e modos tão primários, tão simplistas?
Por que isso me embrulha o estômago e me deixa sem paciência?
Ou, por que quem é erudito demais fica empedernido, frio e automático?
Droga, por que?
Fazia tanto tempo que eu não ousava me contrapor a qualquer coisa, que perdi um pouco do jeito, creio.

A carta três é mais visceral, mais freudiana.
Relações. Mãe, cônjuge, amigos.
As manias deles que tanto incomodam. E de propósito.
Mas o melhor tema é sobre idealizarmos em carta ou em oração, uma imagem tão afetuosa de quem amamos, e na vida prática ser um saco suportá-los. É como ele fala, ora-se pela alma, mas jamais pelos reumatismos.
Sem comentários.

17.9.06

Diário de uma carta - Dia I

Já passam das 05:34 da manhã.
É inútil dormir quando estou aqui. O tempo é pouco e melhor aproveitado se de olhs abertos.

Começamos a ler e a comentar um certo livro.
Presente propício para o dia e como ótima leitura de um amigo.

Cartas do Inferno - C S Lewis

Crítica ao materialismo, a extrav-valorização do que os sentidos podem captar, e da forma como isso nos conecta com aquilo que cremos ser a "vida real". A sutilieza irônica, de o tempo todo bitolar-se no seu próprio status quoo de conhecimento e de modus vivendis.
Puxa, instigante, pra dizer o mínimo.

Não os faça indagar. Porque se começarem sabe-se lá onde pode parar. Ensina o diabo ao seu aprendiz de diabo.

Ao mesmo tempo em que a questão crucial do que é ter certeza por mais abstrato que seja também é uma sacada inteligente.

De fato, não sabemos lidar com os parâmetros que não estamos familiarizados. De fato, eu não sei. Não assimilo a eternidade, nem vida após a morte nem qualquer coisa que exige de mim uma dose maior do que minha soberba niilista.

Mas... E como ficou eu?
Que quero tanto crer até nisso?

Paulo fala do "culto racional". Ensina que esse é o método mais objetivo e certeiro do cristão.
Puxa, e eu tenho esbarrado em tanto coisa enquanto tateio em busca desse culto racional.
E chego a esbarrar até em mim mesma, visto que constituo um grande impecilho em dados momentos.

Enquanto renuncio a toda fé burra, punje algo que anima a crer no que não posso ver de forma tão futura e talvez longíqua (rogo-lhe que seja longíqua enquanto valer, viu?).
A fé no abstrato.
O abstrato que é real.
Porém a fé não condiz com o que apalpo e cheiro e sorvo e vejo como real.
Por que tanta dicotomia?

Tão certo quando ele, o diabo diz que todo ser humano já nasce com pelo menos nove filosofias diferentes a seguir. Nove que ao longo dos anos tenderá ad infinitum, visto que tudo pode ser mais prático ou mais científico a bel prazer de quem intenciona.

E se não aprendi a questionar: É VERDADEIRO ou É FALSO, não culpem minha mãe. Ela também desconhece esses fatos subentendidos. Assim como a mãe dela e segue a retrós.
E a culpa? É de quem?

Mais uma pergunta aquém de minhas possibilidades...

Porém, de uma vontade insaciável de cura.

14.9.06

Acrescentando

Eu já tinha saído!
Mas antes entrei no blog da Mel http://pseudocoisa.blospot.com, e resolvi voltar pra reclamar meu direito de voltar a ter 12 anos, também.
Mas na verdade, acho que não gostaria de ter mais 12 anos não.
A vida segue, e gosto disso.
Enquanto seguir tá bom.

Esses dias de inferno tenho pensado que seria melhor se os bons momentos estivesse numa pasta de arquivo que pudessémos reviver sempre que quiséssemos.
Mas não apenas na lembrança. Descobri que embora eu seja colecionadora de lembranças, na verdade eu detesto tê-las. Preferia poder revivê-las tantas e tantas até elas perderem a graça de parecerem a primeira vez.

Fiquei pensando no tanto de gente que já passou por mim nos últimos 4 ou 22 anos.
E, como muitas expressaram afetividade e singelezas e hoje eu nem sei por onde andam.
Me programei pra grilar com o fato dos 12 anos sem volta.
Mas isso sim me dá grilo.
Grilo não, me deixa reflexiva.
E eu adoro estar neste estado, embora abra mão por qualquer bebedeira cheia de conversas, ou como diz um amigo meu "filosofagem alcóolica".

Espero sair hoje.

Conversar até a mandíbula doer. Acordar, pegar um trem (quem dera!) e ir pra casa da madrecita. Faz quatro anos que eu não sopro as velinhas de lá. Vai ser bom!

Ai, ai...
Ouvir Ron Carter e Rosa deixa a gente besta assim.

Ao som do fim do inferno

Estou a um passo de sair do inferno astral!
Também pudera, em plena as 18:11, ouvindo Ron Carter e Rosa Passos cantando A Primeira Vez é para abrir mão de qualquer turbulência, e sentir aquela melamcolia gostosa e reflexiva que só a bossa e um fim de tarde podem dar.

P.S.: Radiohead ou Legião também conseguem!

Qual a novidade?
Bem...
Tenho tido idéias!
Hora dessas elas se concretizam.

Parabéns a todos!
\o/

2.9.06

Nojo

Ontem tive vontade de queimar meus cds.
E livros.
De gospel.

Estou com nojo.
Estou a beira de um colapso pós-conceituoso sobre isso.
Crentofóbica total.

Jesus, tenha compaixão deles.
Niguém sabe o que faz, porque pensar doi mais que histerias.