17.9.06

Diário de uma carta - Dia I

Já passam das 05:34 da manhã.
É inútil dormir quando estou aqui. O tempo é pouco e melhor aproveitado se de olhs abertos.

Começamos a ler e a comentar um certo livro.
Presente propício para o dia e como ótima leitura de um amigo.

Cartas do Inferno - C S Lewis

Crítica ao materialismo, a extrav-valorização do que os sentidos podem captar, e da forma como isso nos conecta com aquilo que cremos ser a "vida real". A sutilieza irônica, de o tempo todo bitolar-se no seu próprio status quoo de conhecimento e de modus vivendis.
Puxa, instigante, pra dizer o mínimo.

Não os faça indagar. Porque se começarem sabe-se lá onde pode parar. Ensina o diabo ao seu aprendiz de diabo.

Ao mesmo tempo em que a questão crucial do que é ter certeza por mais abstrato que seja também é uma sacada inteligente.

De fato, não sabemos lidar com os parâmetros que não estamos familiarizados. De fato, eu não sei. Não assimilo a eternidade, nem vida após a morte nem qualquer coisa que exige de mim uma dose maior do que minha soberba niilista.

Mas... E como ficou eu?
Que quero tanto crer até nisso?

Paulo fala do "culto racional". Ensina que esse é o método mais objetivo e certeiro do cristão.
Puxa, e eu tenho esbarrado em tanto coisa enquanto tateio em busca desse culto racional.
E chego a esbarrar até em mim mesma, visto que constituo um grande impecilho em dados momentos.

Enquanto renuncio a toda fé burra, punje algo que anima a crer no que não posso ver de forma tão futura e talvez longíqua (rogo-lhe que seja longíqua enquanto valer, viu?).
A fé no abstrato.
O abstrato que é real.
Porém a fé não condiz com o que apalpo e cheiro e sorvo e vejo como real.
Por que tanta dicotomia?

Tão certo quando ele, o diabo diz que todo ser humano já nasce com pelo menos nove filosofias diferentes a seguir. Nove que ao longo dos anos tenderá ad infinitum, visto que tudo pode ser mais prático ou mais científico a bel prazer de quem intenciona.

E se não aprendi a questionar: É VERDADEIRO ou É FALSO, não culpem minha mãe. Ela também desconhece esses fatos subentendidos. Assim como a mãe dela e segue a retrós.
E a culpa? É de quem?

Mais uma pergunta aquém de minhas possibilidades...

Porém, de uma vontade insaciável de cura.

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